Micheline Bernardini dentro do primeiro biquíni, em 1946
Não é a toa que a famosa editora de moda Diana Vreeland (1903-1989) disse uma vez que o biquíni "é a invenção mais importante deste século (20), depois da bomba atômica". O lançamento do primeiro biquíni foi em 26 de junho de 1946 e causou o efeito de uma verdadeira bomba.
Brigitte Bardot em cena do filme "E Deus Criou a Mulher" (1956)
Na década de 50, as atrizes de cinema e as pin-ups americanas foram as maiores divulgadoras do biquíni. Em 1956, a francesa Brigitte Bardot imortalizou o traje no filme "E Deus Criou a Mulher", ao usar um modelo xadrez vichy adornado com babadinhos.
No Brasil, o biquíni começou a ser usado no final dos anos 50. Primeiro, pelas vedetes, como Carmem Verônica e Norma Tamar, que juntavam multidões nas areias em frente ao Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e, mais tarde, pela maioria decidida a aderir à sensualidade do mais brasileiro dos trajes. A partir daí, a história do biquíni viria se tornar parte da história das praias cariocas, verdadeiras passarelas de lançamentos da moda praia nacional.
Ursula Andress em cena do filme "007 Contra o Satânico Dr. No" (1962)
Um modelo muito usado nos anos 60 era o chamado "engana-mamãe", que de frente parecia um maiô, com uma espécie de tira no meio ligando as duas partes, e, por trás, um perfeito biquíni.
Modelo tanga, sucesso dos anos 70
Mas foi no início dos 70, que um novo modelo de biquíni brasileiro, ainda menor, surgiu para mudar o cenário e conquistar o mundo - a famosa tanga. Nessa época, a então modelo Rose di Primo era a musa da tanga das praias cariocas.
Durante os anos 80 surgiram outros modelos, como o provocante enroladinho, o asa-delta e o de lacinho nas laterais, além do sutiã cortininha. E quando o biquíni já não podia ser menor, surgiu o imbatível fio-dental, ainda o preferido entre as mais jovens. A musa das praias cariocas dos 80 foi sem dúvida a então modelo Monique Evans, sempre com minúsculos biquínis e também adepta do topless.
Nos anos 90, a moda praia se tornou cult e passou a ocupar um espaço ainda maior na moda. Um verdadeiro arsenal, entre roupas e acessórios passaram a fazer parte dos trajes de banho, como a saída de praia, as sacolas coloridas, os chinelos, óculos, chapéus, cangas e toalhas. Os modelos se multiplicaram e a evolução tecnológica possibilitou o surgimento de tecidos cada vez mais resistentes e apropriados ao banho de mar e de piscina.
Toda essa intimidade brasileira com a praia, explicada pelo clima do país (em alguns Estados brasileiros é verão durante a maior parte do ano) e pela extensão do litoral que tem mais de 7 mil km de praias, podem explicar o motivo pelo qual o Brasil é o país lançador mundial de tendências desse segmento.
História do biquini
Enquanto você está em frente ao espelho, pondo seu biquíni, nem passa pela sua (no momento nenhum pouco fértil) imaginação como surgiram essas duas peças. Eu, por exemplo, nunca tinha parado para pensar nisso até um dia em que me indagava sobre coisas sem pé nem cabeça do tipo "quem pôs o nome de mesa na mesa?". Então, fui procurar um livro que me desse informações e descobri que por trás de duas peças existe uma grande história.
As roupas de banho, acreditem ou não, já foram de lã. Sim, aquele tecido famoso por ser usado em casacos de inverno. Morra de rir: tudo para que o banhista não pegasse um resfriado depois de cair em gélidas águas. E não pára por aí... ainda por cima, os trajes incluíam, para as mulheres, toucas e, para ambos os sexos, sapatos (tamancos ou botinas). Tendo em vista que essas coisas ridículas eram usadas entre 1800 e pouco fica mais fácil de perdoar... Em 1846 surgiu o calção, peça considerada justa e ousada, que acreditava-se, daria maior liberdade de movimentos aos nadadores.
No começo do século XX, a "ousadia" se limitava somente aos atletas, que podiam (ó!!!) mostrar braços e pernas. Já as mulheres, ridiculamente, cobriam o rosto com véus para não se queimarem - o bronzeado era associado a escravas e índias. Em 1910, surgia a roupa-bóia (tente visualizar e a diversão será garantida): baseada num uniforme de então, consistia em uma veste larga e uma calça com uma câmara de ar embutida na bainha. A invenção veio do Brasil e, graças a Deus, não vingou. Até porque, apesar de ter surgido para dar segurança aos banhistas que não se aventuravam a dar braçadas ainda que amadoras, apareceu numa época onde já se queria mostrar o corpo.
As guerras e os concursos de Miss
Com a primeira guerra, as mulheres se libertaram dos espartilhos (que serviram de inspiração para os trajes de banho) e das anáguas. E na segunda guerra, surgia o maiô de nylon, que afinava a cintura, realçava os quadris e ajustava-se melhor ao corpo, devido a um franzido interno. Mas uma roupa de banho feita deste tecido era privilégio das mais abastadas (era cara e geralmente feita sob medida), como as pin ups ou atrizes de Hollywood.Nos anos 50, eram os concursos de Miss que apresentavam as tendências do verão. Os maiôs das beldades (cujas medidas eram 90-60-90 e tornozelo 21) eram escuros e feitos de Helanca (aquela malha grossa das roupas que usávamos para fazer educação física, lembra?). A lã, finalmente, perdeu terreno.
Em 1946, um pouco antes da euforia dos concursos de Miss, o biquíni foi inventado, pelo estilista Louis Réard. A invenção foi batizada com este nome, porque Louis acreditava que o efeito seria tão explosivo quanto a bomba nuclear (na época em teste no atol de Bikini, no sul do Pacífico). Acertou. Brigitte Bardot foi uma das primeiras adeptas do modelo, que somente só foi virar item básico nos anos 70.
A evolução - do maiô ao biquíni
Nos anos 60, o jogo revela/esconde começou a conquistar garotas de praia. O engana-mamãe, (que quer, mas não consegue voltar) ganhou as areias. Enquanto de frente, parecia um maiô inteiro, a lateral era aberta, o que fazia o maiô parecer de costas um biquíni. Detalhe: no bumbum havia um fecho-éclair.No Rio, Zilda Maria Costa resolver reduzir seu biquíni, puxando-o para a cintura, enrolando onde podia. Assim foi criada a tanga, que trouxe para o Brasil a fama de criador da moda-praia. Em meio a muita maconha, esteiras, adeptos do Jacaré, palmas para o pôr-do-sol e pentelhos ao léu, as tangas tomavam conta da praia. Quem nunca viu a clássica foto de Fernando Gabeira à la Tarzan?
E enfim, a lycra! Criado pela indústria química Dupont, o tecido que gruda ao corpo ganhou a preferência de todos os fabricantes de moda-praia e de todos os freqüentadores da praia. Nos anos 80, moldavam o corpo nos modelos asa-delta, de cavas pronunciadas. Muitas vezes esses biquínis (que cá entre nós, não é dos mais propícios ao corpo brasileiro) tinham estampas florais e abstratas, hibiscos havaianos e debruns. A saída de praia passava do camisão social ou camisetão, para a canga de tear. No final da década (hoje considerada breguérrima), aparecia o fio-dental (sem comentários)....Os surfistas já contavam com o neoprene e os homens usavam sunga.
Depois de tantas mudanças, ainda continuamos fazendo a história do biquíni. Apesar do lacinho-e-cortininha ainda ser o preferido, a praia tornou-se um espaço democrático: vale desde o meia-taça e tomara-que-caia até o sungão e a calcinha com tiras fininhas. Estampados ou lisos, dividem as praias como os maiôs e os sungões-de-três-dedos usados pelos rapazes que não querem pagar o mico de usar aquelas sungas paga-popinha dos anos 80. Os tecidos também podem ser os mais variados - laise, algodão, crochê - em 99% das vezes aliados à lycra, porque tudo bem que biquíni foi inventado há mais de cinqüenta anos, mas fundo de areia é coisa do século passado!
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